Episódio 03 | Queima de Arquivo

[Fesant]

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Abertura

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Nos episódios anteriores...

— Quanto... azar... Nos encontramos... de novo... Hein? .... Akashi... ? — disse o homem de vinte e poucos anos, cabelos negros e curtos, e olhos castanhos, ligeiramente cerrados pela dor que sentia dos ferimentos e pelas gotas de chuva que lhe caiam.

(...)

Akashi e Ikari tinham a impressão de já terem visto aquele rosto, mas qualquer esforço na memória que faziam naquele momento era inútil. A única coisa que lhe restavam, então, era ouvir as palavras roucas que lhe eram ditas com o esforço de alguém que agonizava. — Pela expressão de vocês dois... mal devem lembrar de mim... Não é? … Mas... Nada mais natural... Desde que nos graduamos em Chuunins, nos separamos... Acabei seguindo um caminho tortuoso... Entrei na Anbu... troquei de nome e praticamente... também troquei de rosto... O ruim... é que... não fui o único tolo a entregar sua vida em vão... — cessou a fala, tossindo com força. O frio da noite e da chuva, e o sangramento pelas feridas, dificultavam sua respiração. Embora houvesse parado naquele momento, os chuunins viam no prisioneiro a vontade de prosseguir falando a todo custo, assim que conseguisse aliviar o peso do ar em seus pulmões.

[Darthix]

— Entrou na ANBU? — Embora a surpresa com as palavras do homem, Akashi não conseguia parar de pensar no quão trabalhoso seria fazer parte da ANBU. O rapaz pareceu aliviado por uns instantes, como se estivesse feliz por não ter seguido o mesmo rumo. Ao finalmente cessar seus pensamentos sobre coisas cansativas, olhou para o homem desconhecido, questionando-o. — Por que um antigo companheiro está atacando Konoha? — O arqueiro considerava muito trabalhoso tentar desvendar a verdadeira identidade do homem, de forma que foi direto ao ponto, buscando arrancar o máximo de informações possíveis da missão do mesmo. Pelas suas condições, talvez ele não fosse durar tanto quanto o esperado, então leva-lo até o seu irmão não era mais uma opção. Restava somente interroga-lo ali mesmo, aproveitando-se da suposta intimidade entre os dois, como antigos conhecidos. Interroga-lo sem faze-lo perceber que estava de fato sendo interrogado era o mais prático a se fazer; e graças às habilidades de Akashi, não era possível mentir sem que ele percebesse. Era um bom plano, mas o chunnin sensor não era realmente inteligente, ele só parecia agir da maneira menos trabalhosa possível, que de certa maneira tendia para a mais prática. Agindo por instinto, ele se comportava como um interrogador de verdade.

[Fesant]

Conforme os instantes iam passando, a dor tomava mais conta da face daquele homem. Akashi estranhava. Sim, ele estava ferido, mas não o suficiente para se comportar daquela forma. E enquanto focava suas habilidades de sentir o chakra para identificar se interrogado deixava passar alguma inverdade, o Kurogane notou algo mais estranho. O chakra daquele suposto membro da ANBU estava se comportando de maneira estranha, inquieta, num padrão que o chuunin nunca tinha visto.

Ainda chovia. E com o passar do tempo o vento frio também se alastrava mais pelas ruas de decorações vivas, tão vivas que contrastavam com o clima da cena. Com algum esforço, o priosioneiro havia domado a tosse, e então tentava prosseguir sua fala.

— “Por que um ANBU atacaria Konoha...?” E o que é Konoha? Se Konoha fosse somente o Hokage, os ninjas sob sua tutela e os civis... Então sim, nós atacamos Konoha. Mas a Folha nunca foi somente isso... Percebi isso cedo demais... e terei que me arrepender com minha morte... — e novamente precisou parar o monólogo para controlar a respiração ruidosa. Ao tossir, dessa vez, já expelia sangue no ato. O ninja abatido parecia resistir com todas as forças a um mal incontrolável.

[Darthix]

O Chunnin começou a olhar para o shinobi desconhecido com uma expressão de dúvida. — "Por que um ANBU atacaria Konoha? Eu não perguntei isso. Cara doido." — Passando agora a expressar uma feição de desânimo, como de costume, Akashi olhou nos olhos do homem, como se buscasse compreende-lo, quando na tentativa deu-se conta de que era impossível. Faltava ambos inteligência e vontade para tal. — "Acho que ele quer entrar em uma conversa profunda, mas eu não consigo entender o que ele fala. Aaah... que cansativo. Ele também parece que está morrendo, mas eu não feri tanto ele... Seu chakra está anormal também... Se eu tentar entender tudo só vou me cansar, desisto. Vou perguntar para quem ele luta. É, acho que é uma boa."

— Quando você diz "nós atacamos Konoha" está se referindo a quem exatamente? — Expressando desânimo continuamente, Akashi parecia incomodar-se mais ainda pela chuva que pairava sobre o seu cabelo, deixando-o encharcado.

[Fesant]

— Nós... me refiro a nós cinco... — respondeu ele prontamente, prosseguindo com seu esforço para permanecer falando. Cada vez mais sua voz ia ficar menos intensa e rouca. A tosse quase não podia mais ser controlada e interrompia vez ou outra as sílabas das palavras ditas — Me refiro a nós cinco... que causamos as explosões no centro de eventos. Mas, claro, agimos como mero... subordinados... Mas mesmo que quisesse, não conseguiria pronunciar seu nome... Já é um milagre eu estar resistindo tanto tempo... creio que nem esteja entendendo do que estou falando, não é mesmo?

E de fato Akashi não compreendia, ou tinha preguiça demais para entender. Mas logo suas habilidades especiais de sensor lhe dariam uma resposta clara. Estranhamente, o Kurogane sentiu um chakra anormal dentro dos corpos dos outros dois suspeitos já mortos, o que nunca deveria ocorrer, haja vista a completa inexistência de vida nos mesmos. Ao se atentar para o fato, reparou que o chakra estava partindo de um único ponto idêntico em ambos os corpos: o ombro direito. Nesse ponto, podia sentir inscrições e símbolos desconhecidos formados de puro chakra, de onde emanava toda a anormalidade. Em segundos, os corpos dos dois começaram a queimar. O fogo consumiu os cadáveres em velocidade espantosa, deixando nada além do pó no lugar. Os restos de cinza foram varridos pela chuva e pelo vento. Pelo padrão da anomalia de chakra, Akashi deduziu que o mesmo ocorreria com aquele que ainda estava vivo, e que era provavelmente contra isso que ele lutava em seus últimos instantes de vida.

[Darthix]

— Os corpos de seus companheiros começaram a queimar, imagino que o mesmo vá acontecer com você. É contra isso que você está lutando, né? Parece cansativo... para não falar trabalhoso. Por que resistir tanto? — Akashi parecia realmente em dúvida. Para alguém que nunca teve qualquer vontade para algo, presenciar isso em sua frente, era de fato totalmente fora de sua compreensão. Não conseguia parar de se questionar de onde o homem tirava tanta vontade para resistir a aquele ponto. Cercado pela ausência de respostas, o arqueiro demonstrava na primeira vez na vida algum interesse em algo. A curiosidade havia tomado conta de si. Uma cena um tanto incomum ocorreu: seus olhos arregalaram, sua expressão de desânimo cessou. Em sinal de vontade em saber o motivo do homem, insistiu nas perguntas: — Por que você iria tão longe? Essa marca, essa traição. Você deve ter um motivo... — Por um momento Akashi pareceu gaguejar, como se estivesse para falar algo pela primeira vez, ao menos de maneira realmente honesta. — E-Eu estou curioso... Preciso saber o seu motivo.

[Senju Ikari]

Ikari havia se mantido em silencio durante todo esse tempo, de braços cruzados ele observava a cena um pouco atrás dos dois. Seu corpo doía dos ferimentos da batalha anterior, mas felizmente nenhum órgão vital havia sido danificado, Ikari podia deixar a dor pra lá naquele momento, o que aquele ninja dizia era muito importante.

Seus olhos focavam nas costas de Akashi por um momento, ele era confiável?  As palavras de seu ex-companheiro confirmavam o que Ikari já suspeitava. O golpe havia sido uma armação, uma distração para evitar que o hokage fizesse sua escolha. Se ele e os outros ninjas de konoha estavam ali, isso só podia significar que a armação havia funcionado. O hokage provavelmente estava morto agora...Ikari olha para o céu, ainda em silencio. Estava triste mas não tinha vontade de chorar, era com se sentisse só um vazio. O ninja mais incrível que konoha já havia visto, morto por uma razão tão fútil...Aquilo fazia Ikari questionar a própria mortalidade, no final das contas não importa quanto poder se tenha, nos ainda somos humanos e a morte pode acontecer de qualquer jeito.

Ikari precisaria de ajuda para investigar o que estava acontecendo, e não poderia ser ninguém muito ligado aos cargos mais altos da vila. Akashi havia se mostrado alguém com quem se podia contar todas as vezes que trabalharam juntos, ele podia ser um pouco preguiçoso mas suas habilidades mais que compensavam isso. Ikari se aproximava dos dois e ficava com um joelho no chão ao lado do ninja ferido.

--O seu chefe, ele é de konoha? Sua voz era sem emoção nenhuma, Ikari pensava varias coisas ao mesmo tempo e não gostava nem um pouco do que viria a acontecer.

[Fesant]

O prisioneiro ouvia as perguntas de Akashi e Ikari em silencio. Não tossia mais. Não transparecia mais dor em sua face. Ao que parecia, seu sofrimento tinha chegado a nível tão alto que nada mais conseguia sentir em seu corpo. Seus olhos estavam fechados e não mais resistiam ao castigo das gotas de chuva. Mas, num todo, estava sereno. Respirou fundo, ao que parecia, o mais fundo que conseguia, e pôs-se a responder.

— Meu chefe... de onde é... nem sobre isso conseguiria falar. Só de pensar no assunto já acelera os efeitos desse maldito jutsu... se tentasse falar qualquer nome ou responder sua pergunta... queimaria instantaneamente... Infelizmente, vocês terão que descobrir sozinhos... — e novamente abrindo os olhos, o homem fitou os dois chuunins com a calma de um pai que ensina os filhos, apesar de possuírem as mesmas idades — Estou me arriscando tanto... resistindo tanto... numa tentativa desesperada, e talvez inútil, de consertar meu erro... Só tenho mais uma coisa a dizer, e talvez a mais importante: aconteça o que acontecer, não escolham o lado errado, e protejam Ko... no... ha...

Mal consguindo terminar sua frase, o homem teve o fim de sua vida. Imediatamente, Akashi viu a anomalia de chakra tomar conta do corpo que ali jazia, que em instantes começou a arder em chamas, tendo o chuunin impulsivamente largado o mesmo ao chão. Os dois chuunins viram aquela fogueira humana queimar, resistindo à chuva que já se amenizava. As chamas duraram alguns minutos, bem mais que os outros dois que já haviam virado cinza.Talvez, ali estivesse queimando a determinação final do homem que lamentou seus erros no leito de morte. Estaria aí, nessa triste cena, a origem da Determinação do Fogo de Konoha?

[Darthix]

— Sem resposta... — Akashi pareceu desanimado com a resposta do homem. Sua consideração voltava-se única e exclusivamente para o motivo que fez ele ter traído Konoha. Pouco importava-se com sua morte e, a grosso modo, com o que aconteceria com a vila. Ao arqueiro somente chamava-lhe a atenção a razão para tamanha distração causada no meio do festival. E o que proporcionou ela: a verdade por detrás da Folha. O desânimo desta vez não era como o de costume. Não era por conta da falta de interesse habitual, pelo contrário. O seu enorme interesse pela causa havia o deixado decepcionado com as palavras ditas. Alguém que nunca teve a menor esperança para o quer que fosse, se esbarrou pela primeira vez com a decepção. Não sabia como agir, ou sequer como lidar com ela. A única coisa que passava em sua mente era: como encontrar a resposta?

A questão havia sido lançada, bastava agora correr atrás. Para alguém como Akashi, parecia estar entrando em conflito com o seu verdadeiro eu, participando de um dilema provavelmente sem fim; ou sendo este apenas capaz de ser alcançado pela resposta à sua pergunta. Pousando a mão sob o seu arco, o arqueiro guardava sua arma como sinal de que procurava algo além do combate, no momento. O cabelo molhado combinado com a cabeça levemente agachada proporcionaram a si uma sombra na parte superior de sua face, impossibilitando os seus olhos de serem vistos, criando ainda uma espécie de aura um pouco sombria, não em razão da sua tendência, mas do seu foco e disposição em correr atrás de seu objetivo atual. Nada mais lhe importava senão a resposta. Não demorou até voltar a sua atenção para Ikari, embora não o demonstrasse, pois voltou-se de costas para o mesmo. — Eu quero descobrir o que motivou ele a fazer isto, Ikari. Quem causou o ataque, quem seria anunciado como próximo Hokage. Eu sei que parece um pouco estranho eu dizer isso mas... Me dedicarei ao máximo para descobrir tudo o que causou o dia de hoje. Farei o necessário, farei o que puder. Não me importo com o sacrifício dele, sendo honesto, e sim com o motivo dele para faze-lo. Como ele resistiu tanto a essa marca em seu ombro direito, que pareceu causar uma extrema dor, insuportável. Como ele, mesmo diante de seu fim, esforçou-se tanto apenas para nos contar o possível, como se passasse para nós o seu legado. Não o legado de seu lado neste conflito, mas o de defender Konoha ao máximo. Não consigo entender... é tudo muito além da minha compreensão.

O desabafo de Akashi fez-se longo, sincero, mas não foi apenas isso. Ele parecia buscar, acima de tudo, anunciar o que estava para fazer, embora não o dissesse especificamente. E logo continuou: — Eu não vou escolher lados, eles pouco me importam, mas o seu clã é um deles. Não sei o que você vai fazer, Ikari, mas quero que saiba que todo mundo é suspeito, todo mundo mesmo. — Embora Akashi não achasse de fato que o clã Senju possuía qualquer parcela de culpa no ocorrido, ele ainda sentia-se na obrigação de alertar o amigo, como precaução. Mas sem dar qualquer chance de resposta, iniciou sua corrida, na direção do palácio Hokage. O ninja sensor não possuía qualquer intenção de discutir as intenções de Ikari, até porque isso seria muito trabalhoso. Buscava apenas propor uma reflexão sobre o dia de hoje. Manteve uma velocidade possível de ser acompanhada, deixando ainda um último comentário: — Não estou falando de você, claro, mas acho que já sabia disso.

[Senju Ikari]

Ikari não esperava mesmo uma resposta do morto. Quem quer que os tivesse mandado ainda estava no controle, ou pelo menos estava até agora. Ele tinha notado um tipo de selo ou marca no corpo dos ninjas. Aquela marca parecia estar ligada com o jutsu que os havia matado, e depois ele teria que ir biblioteca para pesquisar mais sobre aquela imagem e seus possíveis usuários dentro de Konoha. O chunnin se levanta e então se vira para Akashi.

Seu companheiro começa a falar e então parte numa velocidade abaixo da de costume, Ikari não podia esconder um sorriso do canto de sua boca. Agora ele tinha certeza que podia confiar em Akashi, nunca tinha visto o companheiro tão motivado assim. Ikari aperta o passo e logo estava ao lado de Akashi.

-- Eu sei o que quer dizer, também quero descobrir o que aconteceu, mas acho que devemos nos manter em silêncio por enquanto. Como você mesmo disse, todos são suspeitos e esse plano tem muita chance de ter sido armado pelos próprios ninjas de Konoha. As suspeitas maiores acabarão caindo sobre os clans Hyuuga e Senju, devido a disputa dos dois líderes para suceder o Hokage. Faz sentido que um dos dois tenha descoberto que o outro seria escolhido e quis impedir a nomeação...

Seu rosto estava sério. Pensar que seus próprios companheiros de clã teriam feito uma traição tão baixa o assustava.

-- Mas também há outra possibilidade: viu como tomamos a conclusão entre os Hyuuga e os Senju rápido? Seria quase perfeito para alguém assassinar o Hokage agora. Essa suspeita vai causar uma divisão na Folha, a enfraquecendo. As pessoas não vão confiar umas nas outras e a investigação vai ser mais demorada por causa disso. Além disso, na pior das hipóteses, pode haver um confronto entre os Hyuuga e os Senju. Talvez tudo isso seja um plano para desestabilizar a Folha. Acho que não devíamos deixar pública a informação de que foi um trabalho interno, pelo menos por agora...

Ikari encarava Akashi, observava como o companheiro reagiria.

[Darthix]

— Sim, vamos ficar calados. Investigaremos o possível, mas sem confiar em ninguém, nem mesmo para a verdade. E ent-t... — Por um instante Akashi se calou. A sua expressão motivada ia aos poucos alterando-se, até voltar ao desânimo de costume. Os seus olhos não mais miravam a sua frente, mas o chão, parecendo que estavam prestes a fechar, como o habitual do arqueiro. Por algum motivo, ele parecia ter retornado ao seu estado anterior, ao Akashi de sempre. — Cansei... — Aquele parecia ter sido o limite do chunnin no quesito energia mental. — Me empolguei demais ainda há pouco... Eu ainda quero descobrir tudo isso mas... Me esgotei. Acho que tá bom por hoje, quero dormir...

Os passos rápidos de Akashi permaneciam, de modo que era perceptível que seu esgotamento era mental e não físico. Alguém que havia se destinado por toda a vida a não pensar muito, a realizar o mínimo de esforço possível, não parecia ter muita energia sobrando, nem mesmo para pensar. O seu corpo, entretanto, treinado como o de um shinobi comum, ainda parecia suportar em muito. Mas o problema do arqueiro sempre foi assim, psicológico. Deste modo, continuou os passos como os de sempre, embora a sua natureza agora simples e desprovida de vontade, natural na rotina do ninja sensor. Ele ainda dirigia-se até o palácio hokage, embora não tivesse qualquer vontade de fazer o que tinha em mente até há alguns minutos atrás. Fosse como fosse, se dependesse dele iria para casa dormir. — Ei, Ikari-san, o que você quer fazer agora? Eu ia para o palácio Hokage para perguntar algo para os nossos superiores, e dada a minha habilidade eu consigo saber quando estão mentindo. Mas tô cansado...

[Senju Ikari]

Ikari sorria com o canto da boca, finalmente Akashi tinha voltado ao normal, era estranho ver o companheiro daquele jeito mas agora ele estava em seu estado natural. Os dois estavam de acordo com toda aquela situação, o que era favorável. Ikari suava, o vento frio deixava a corrida de volta ainda mais desconfortável. Ele precisava de um médico e um bom banho depois de tudo aquilo.

-- Eu acho que devemos reportar o que aconteceu a nossos superiores, falamos que os ninjas morreram durante o combate, o que não é uma mentira. Depois disso, acho que vou para a biblioteca da vila... você notou a marca que aqueles ninjas tinham na região do ombro? Vou pesquisar sobre aquela marca e que ninjas da vila conseguiriam usar aquele jutsu. Também vou falar com meu irmão, mas não acho que vou conseguir muitas respostas com ele...

Ele ficava pensativo, infelizmente seu irmão era um dos culpados e Ikari tinha que imaginar que nesse caso era possível que seu irmão mentisse. Além disso, era um shinobi impressionante e descobrir qualquer rastro que ele tivesse deixado seria difícil.

[Fesant]

Estando em pleno acordo entre si, Ikari e Akashi se dirigem até o Palácio do Hokage. O prédio não era distante dali, e não demoraram muito a chegar. No caminho, viam civis caminhando para suas casas, protegidos por guarda-chuvas e vigiados por shinobis disposto de forma organizada pelas ruas, quase todos aparentemente membros do clã Uchiha, que era responsável pelo policiamento. O procedimento era natural, afinal, a vila supostamente havia sido atacada por invasores. Mas naquelas ruas, somente aqueles dois sabiam que foram ninjas da Folha que realizaram aquelas explosões no centro de eventos.

Chegando ao destino, encontraram o Palácio do Hokagem meio envolto em alvoroço. Na entrada, precisaram confirmar a identificação mais vezes que o costume antes de entrar. No interior do prédio, um vai e vem de ninjas, alguns vestidos de médico. Sem mais demora, a dupla seguiu as escadas até a sala onde normalmente se encontra Hokage, e onde Akashi já havia sentido a fraca presença do mesmo. Ao chegar na porta, encontra a mesma fechada. À sua frente, estava um ninja médico e as duas figuras mais importantes de Konoha depois do Sandaime: Senju Omeshirama e Hyuuga Keisei. Os dois chuunins haviam chegado bem no fim da conversa, mas não antes o suficiente para captar qualquer palavra.

— Ikari... — disse o jovem líder do Senju ao notar a chegada de seu irmão mais novo — Pelo seu estado, deve ter sido um daqueles que foram atrás dos suspeitos das explosões no estádio... Kisei-san me disse que havia tomado as providências.

— Sim. E este deve ser o Kurogane arqueiro... Ah — disse Keisei, mas logo interrompendo a si próprio para falar ao médico que ainda se encontrava lá — Muitíssimo obrigado. Por favor, nos mantenha informado da condição do Sandaime-sama, sim? — em seguida, após a partida do shinobi médico, que deixou o lugar com uma leve reverência de respeito, prosseguiu falando com Akashi e Ikari — Vocês chegaram em boa hora. Vamos para minha sala, preciso que me relatem o ocorrido imediatamente, em caráter de urgência. Amanhã poderão entregar o relatório escrito e...

— Eu prefiro que relatem a mim, Kisei-san — interrompeu rispidamente Omeshirama. — Você ainda precisa ir até os Uchiha para saber da segurança da vila, Kisei-san. Você sabe que eu não posso cuidar disso, e é algo que requer urgência também. Eles irão relatar a mim, e amanhã você poderá ver o relatório escrito. Tudo certo assim? — completou o Senju, em tom imperativo.

— Você como sempre amável, Ome-kun... — respondeu o Hyuuga, sarcasticamente — Mas concordarei com você... hoje... Então, até logo. Vou me encontrar com os Uchiha — finalizou ele sem delongas, passando a deixar o lugar a passos calmos.

— Keisei! Sem espiar, ok? — disse Omeshirama ao fim, ao passo em que via o Hyuuga prosseguindo a caminhada enquanto acenava com mão, como se sinalizasse que iria respeitar o pedido feito.

Minutos depois, estavam os três na sala que o Senju usava dentro do Palácio. Junto deles, havia um outro shinobi, que estava de pé próximo à mesa, realizando um selo de mão e mantendo-se de olhos fechados, como quem se concentrasse em algo. Akashi identificou aquele homem como um possuidor de habilidades semelhantes de sensor, o que foi logo confirmado quando ele se pronunciou.

— Pronto, Omeshirama-sama. O Byakugan já está fora de nosso alcance.

Após um suspiro de cansasço, o Senju sentou-se em sua mesa, e disse.

— Podem começar.

[Darthix]

Mesmo após fazer-se presente naquela sala, Akashi parecia olhar de lado para a sua retaguarda - mais precisamente para a porta - como se algo ocorrido antes de entrar estivesse o incomodando. — "O Kurogane Arqueiro, é?" — Aquele havia sido um jeito um pouco arrogante de chama-lo, mas Akashi jamais se incomodaria com algo assim. Para ele, dava simplesmente muito trabalho importar-se com o que os outros achavam de si, quanto mais com a forma com que o tratavam. Desde que não o obrigassem a esforçar-se, ele estaria satisfeito. Não demorou até que voltasse o seu olhar para o líder dos Senju em sua frente. Parecia pronto para começar a falar, quando foi interrompido pelo próprio pensamento. — "Aquele Hyuuga para me chamar assim provavelmente se lembra bem de minhas habilidades. Acho que é melhor esperar o mesmo desse aqui."

— Cinco ninjas. Cinco marcas. Cinco corpos em chamas. Zero rastros.— O pronunciamento de Akashi fez-se direto, sem as maiores delongas. Ele não sabia dar relatórios, sempre poupando a energia ao máximo para o essencial, literalmente; o que incluía apenas o mínimo possível a ser dito. Parecia extremo - e de fato era - mas o arqueiro sempre fora preguiçoso a esse ponto. E quando pareceu ter terminado, acrescentou: — 2 explosões na hora em que você ia ser anunciado como Hokage. E só.

[Senju Ikari]

-- Sim irmão.    Ikari tinha uma postura mais seria quando perto de Omeshirama. O jovem se ajeitava por estar na frente daqueles dois ninjas lendários da folha. Ele observa o resto se desenrolar em silencio, ele estava pronto para lutar contra Keisei e os outros Hyuugas, ele só esperava que não fosse seu próprio irmão o autor de tudo aquilo.


Na sala de interrogação Ikari tinha os braços cruzados, ele estava encostado numa parede e olhava casualmente os outros ninjas, sua mente sempre planejando o próximo passo. Ele ouve Akashi falar primeiro, o que tinham conversado antes viria a calhar naquele momento. Quando o amigo termina Ikari começa.

-- Como Akashi disse, encontramos três ninjas em fuga, alcançamos eles e iniciamos um combate. Os ninjas foram neutralizados e mantivemos um vivo para interrogação, ele começou a falar algo sobre não ser de Amegakure, de ser um ex-membro da Anbu, mas antes de continuar foi morto. Todos aqueles ninjas tinham uma marca que os mataria caso fossem capturados. Eu não acho que o ataque tenha sido realmente de Amegakure, acho que devemos investigar mais antes de revidar e entrar em guerra com eles.  

Seus olhos estavam cansados mas ele encarava o irmão com firmeza. " O que vai fazer, Omeshirama? "

[Fesant]

Ao ouvir a primeira explicação de Akashi, o Senju pareceu ligeiramente confuso. Sendo a primeira vez que os dois estavam conversando diretamente, frente a frente, era até natural que o mesmo não conseguisse acompanhar logo de início a forma sucinta como o Kurogane tratava as coisas. Entretanto, alguns segundos após ter ouvido a conclusão do relatório, Omeshirama parecia ter compreendido o que o chuunin queria dizer de fato, ou ao menos em parte. No fim, com o complemento da explicação de Ikari, a luz do entendimento ficou mais destacada em seu rosto sério. O líder pousou a mão fechada sobre o queixo e então começou a falar.

— Todos os cinco suspeitos acabaram mortos queimados... uma marca... Ao que me parece, é o efeito de um fuuinjutsu muito usado durante a última Grande Guerra... pelo menos é o que diria pelos meus conhecimentos. Era um kinjutsu da Vila Oculta da Grama, embora tenha sido disseminado posteriormente... mas os historiadores acreditavam que a técnica de seu uso estava perdida... — disse ele, em semblante pensativo, como quem busca na memória conhecimentos históricos muito pouco usados. — Ainda tem muitas pontas soltas, mas há algumas coisas claras. Era claro que alguém queria impedir o Sandaime-sama de anunciar seu sucessor. E embora meu ódio pessoal contra Keisei possa me fazer dizer besteiras, tenho certeza de que tem dedo dele nessa história.

O Senju calou-se por uns instantes, enquanto se posicionava melhor em seu assento. Ficou mais ereto, pousando ambos os antebraços sobre sua mesa, enquanto olhava fixamente para seu irmão, alternando para Akashi por vezes, antes de prosseguir. — Todos viram que algo ocorreu com o Hokage, mas o que vou dizer é um pormenor que não deve sair daqui: o Sandaime foi envenenado. E se trata de uma droga que médico algum conseguiu identificar ainda.... seu estado é bem crítico. — pausou um instante, provavelmente para que os chuunins entendessem a gravidade da situação — Para mim era claro que Keisei sabia que ele não seria o sucessor, e que ele arquitetou algo para atrapalhar isso... E, modéstia a parte, com certeza eu seria um Hokage muito melhor que ele...

E Omeshirama parou o monólogo novamente, ficando levemente perdido em seus próprios pensamentos.

[Darthix]

Akashi inclinou a cabeça para o lado, olhando fixamente para o líder dos Senju. Ao seu próprio jeito de fazer as coisas, ele parecia estar analisando-o. Chegou a tornar-se uma situação um tanto quanto embaraçosa, ao permanecer assim por alguns segundos, totalmente em silêncio. Mas antes que Omeshirama pudesse esboçar qualquer reação específica, o Chunnin já havia dado continuidade ao diálogo:

— Foi você o culpado do que aconteceu hoje, Omeshirama-san? — Uma atitude um tanto quanto inusitada perante alguém de tamanha importância, mas Akashi jamais daria-se conta da magnitude de sua insolência. Alguém que despendeu toda a vida tentando não preocupar-se com os outros, jamais tornaria-se alguém bom socialmente. De toda a forma, ao arqueiro somente interessava a reação do Senju - ou melhor, a reação de seu chakra. — Só responda "sim" ou "não", por favor. — Completou. Embora as suas palavras, o seu rosto emitia uma expressão livre de julgamentos ou suspeitas, mas sim curiosidade, como se fosse capaz de perguntar isso para qualquer um em sua frente, independente dos fatos. Era esta sua expressão, entretanto, a única chance para Omeshirama de fato responde-lo como desejado, ao invés de levar para o lado pessoal.

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Encerramento

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